Fonte globo.com
Os principais bancos no Brasil seguiram o movimento da Caixa Econômica Federal e também reduziram nas últimas semanas suas taxas para crédito imobiliário, acirrando a competição nas linhas de financiamento com recursos da caderneta de poupança.
Banco do Brasil, Bradesco e Santander passaram a anunciar novas taxas, enquanto o Itaú Unibanco manteve suas condições inalteradas mas em linha com as da Caixa. Com isso, as taxas mínimas em vigor ficaram bem próximas entre os principais bancos. Veja tabela abaixo:
Comparativo de juros para financiamento imobiliário:
Banco | Sistema Financeiro Habitacional (SFH) | Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) ou carteira hipotecária | pró-cotista FGTS | limite do financiamento |
Caixa | a partir de 9% ao ano + TR | a partir de 10% ao ano + TR | a partir de 7,85% ao ano + TR | 80% do valor para imóveis novos e 70% do valor para usados |
Banco do Brasil | a partir de 8,99% ao ano + TR | a partir de 9,35% ao ano + TR | 9% ao ano + TR | Até 80% do valor do imóvel (tanto para novos como usados) |
Itaú Unibanco | a partir de 9% ao ano + TR | a partir de 9,5% ao ano + TR | não opera | 82% do valor do imóvel, com valor mínimo de R$ 80 mil (tanto para novos como usados) |
Bradesco | a partir de 8,85% ao ano + TR | a partir de 9,3% ao ano + TR | não opera | até 80% do valor do imóvel novo ou usado |
Santander | a partir de 8,99% ao ano + TR | a partir de 9,49% ao ano + TR | não opera | Até 80% do valor do imóvel (tanto para novos como usados), podendo incluir mais 5% para despesas como ITBI e registro |
O realinhamento de taxas acontece em meio a um cenário de reaquecimento do mercado imobiliário, com maior número de lançamentos e aumento do volume de financiamentos, com os bancos reforçando o foco no crédito imobiliário e nos empréstimos para pessoas físicas como forma de compensar a contínua fraqueza na demanda das empresas por novos recursos para investimentos.
As taxas de juros variam conforme os diferentes tipos de financiamentos imobiliários. Aqueles realizados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e pela linha pró-cotista costumam ter as taxas mais baixas, já que são regulados pelo governo e utilizam recursos da caderneta de poupança e do FGTS. O nível e tempo de relacionamento com o banco, valor do imóvel, bem como o perfil e renda do consumidor também costumam influenciar diretamente os juros cobrados pelos bancos.
Vale lembrar ainda que as taxas anunciadas são as mínimas, e que para conseguir esse preço o tomador precisa quase sempre aceitar uma série de condições, sobretudo maior relacionamento com o banco.
Caixa
Na Caixa, os juros do crédito imobiliário foram reduzidos no dia 16 de abril, após 17 meses de taxas congeladas nas linhas que utilizam recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, o que levou o banco a perder a liderança no segmento.
A Caixa diminuiu sua taxa mínima para Sistema de Financiamento de Habitação (SFH) de 10,25% para 9% ao ano. Essa é a modalidade para financiar residências de até R$ 800 mil para todo o país e no valor de R$ 950 mil para Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Para imóveis enquadrados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), cujos valores dos imóveis são acima dos limites do SFH, a taxa mínima caiu de 11,25% para 10% ao ano.
Com isso, a Caixa igualou as taxas cobrada pelo Itaú, que até então oferecia as menores taxas.
Desde então, outros bancos seguiram o reposicionamento da Caixa e também reduziram seus juros para um patamar abaixo do das duas instituições.
Banco do Brasil
No Banco do Brasil, a taxa de juros foi reduzida no dia 24 de abril de 9,24% para 8,89% ao ano no SFH e de 10,15% para 9,35% ao ano na carteira hipotecária.
O banco tem oferecido também a portabilidade do financiamento imobiliário contratado por seus clientes em outras instituições. "Em nossa estratégia de relacionamento, buscamos oferecer aos nossos clientes as melhores soluções em crédito e a portabilidade insere-se no contexto de assessoria financeira, podendo ser positiva para o cliente, dependendo das condições ofertadas", afirma.
Santander
No Santander, a taxa de juros foi reduzida no dia 25 de abril de 9,49% para 8,99% ao ano no SFH e de 9,99% para 9,49% ao ano no SFI. "Para contratar o crédito imobiliário com as novas taxas, é necessário ser cliente pessoa física com relacionamento e optar pelo pagamento do financiamento em parcelas atualizáveis (SAC)", afirma o banco.
Bradesco
No Bradesco, os juros foram reduzidos de 9,3% para 8,85% ao ano do SFH, e de 9,7% para 9,3% ao ano no SFI. Questionado pelo G1 sobre a data em que as taxas foram cortadas, o banco informou apenas que a "alteração ocorreu em abril". Segundo a agência Reuters, em vez de focar em divulgar alterações em suas taxas, o Bradesco tem oferecido cobrir os preços da concorrência.
Itaú
No Itaú, as taxas seguem as mesmas, no mesmo patamar das anunciadas pela Caixa. Segundo o banco, os juros cobrados "estão em linha com as praticadas pelo mercado". "Importante ressaltar que o percentual é de até 82% do valor do imóvel, com valor mínimo de R$ 80 mil (tanto para imóveis novos como usados)", destaca.
Segundo dados do Banco Central, as taxas médias de mercado para financiamento imobiliário para pessoas físicas caíram de 15,4% em janeiro de 2017 para 10,8% em março deste ano, em meio a trajetória de queda da Selic, atualmente em 6,5% ao ano. Já as taxas médias reguladas, que compreende as operações com recursos do FGTS, recuaram de 10,2% para 7,8%.
Competição no crédito imobiliário
O corte das taxas tem acirrado a competição no crédito imobiliário. Algumas instituições, como o Santander, adotaram a expansão no segmento de financiamento para compra de imóveis como estratégia para ampliar sua participação ante os concorrentes.
“Cabe a nós, como banco, ter um papel fomentador ao processo de mudança, com o estímulo à competição no mercado financeiro”, afirmou o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, durante a divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2018.
O aumento da competição entre os bancos vem na esteira da redução do custo para obter os recursos. Com a queda da Selic para baixo de 8,5%, a remuneração da caderneta de poupança sofre um redutor, passando a render 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo Banco Central.
Além disso, o Banco Central anunciou no fim de março uma redução da alíquota de recolhimento compulsório pelos bancos nos depósitos à vista, de 24,5% para 20%.
Na prática, isso incentiva os bancos a concederem mais recursos para financiamento.
No acumulado no 1º trimestre, os financiamentos de imóveis com recursos da poupança avançaram 11,2% na comparação com os 3 primeiros meses de 2017, alcançando R$ 11,19 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Caixa é superada por Bradesco e Santander
A associação que representa as instituições que atuam no segmento estima que o crédito imobiliário deverá crescer ao redor de 10% em 2018, para R$ 48 bilhões (ante R$ 43 bilhões em 2017), após 3 anos seguidos de queda, segundo estimativa da Abecip, associação que representa as instituições que atuam no segmento. A expansão será, segundo a Abecip, apoiada por juros menores e pela recuperação da economia brasileira.
Em março, a Caixa foi ultrapassada por concorrentes na liderança do crédito imobiliário com recursos da poupança pelo 5º mês consecutivo. No acumulado no 1º trimestre, o ranking de empréstimos concedidos ficou assim:
Por concentrar a grande maioria das operações financiadas com recursos do FGTS, a Caixa ainda segue com folga como o principal agente financeiro de crédito imobiliário, com participação de 69% no consolidado de 2017.
Fonte: https://g1.globo.com